segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Estrada atropela maior lago subterrâneo do Brasil, na Bahia

Vista do sistema de cavernas que abriga o lago subterrâneo no sudoeste baiano; espeleólogos relatam queda de pedras.
Depois da expansão da monocultura da soja, do desmatamento desenfreado do Cerrado (que, hoje, é maior que o da Floresta Amazônica), agora sobrou para as cavernas do Oeste Baiano. Engraçado que a notícia sai na mesma semana em que o Ministério do Meio Ambiente anuncia 15 medidas para combater o desmatamento do cerrado e o PPCerrado (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado) - veja aqui.

--------------
(Fonte: Folha Online)



A pavimentação de uma estrada no sudoeste da Bahia atropelou, literalmente, a caverna que abriga o maior lago subterrâneo do Brasil. 

O estrago foi verificado por um espeleólogo e motivou a visita de uma equipe do Instituto Chico Mendes ao local na última sexta-feira. 

O órgão, agora, quer descobrir se o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) errou na concessão da licença de um trecho da obra da rodovia BR-135 ou se o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) faz o trabalho num trecho não licenciado. 

A vítima principal é o Buraco do Inferno da Lagoa do Cemitério, caverna que abriga o lago de 13.860 m2.
A gruta integra o sistema de cavernas João Rodrigues, no carste (formação de rocha calcária caracterizada por cavernas, que lembra um queijo suíço) de São Desidério, município baiano na fronteira da expansão da soja. 

Segundo Alexandre Lobo, do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, há mais de uma centena de cavernas na região. Três dezenas delas são consideradas "expressivas" e deveriam estar protegidas. O Instituto Chico Mendes tem planos de criar uma unidade de conservação ali. 

ALTERNATIVA
Em 2008, Lobo integrou uma equipe que mapeou as grutas na região de influência da BR-135. O objetivo era sugerir um traçado alternativo para a obra de pavimentação da estrada, justamente para desviá-la do carste.
No mês passado, o espeleólogo foi a São Desidério fazer fotos do lago subterrâneo. "Deparei com desmatamento e terraplenagem e as obras em curso", conta.
"No ponto onde o conduto [teto da caverna] é mais alto, sobre o lago, vi que havia blocos de rocha caídos recentemente", continua Lobo. "Há dolinas [buracos naturais na rocha calcária] entupidas, tudo isso resultado das máquinas que trabalham no local."
A estrada, é verdade, já passava por cima da caverna. Como era uma estrada de terra, porém, o trânsito local era pequeno. Quando o Dnit pediu a licença para pavimentar a estrada, que será usada para escoar a produção agrícola da região, o Ibama aproveitou para corrigir o traçado do trecho problemático.
Segundo o Dnit, 19 km dos 60 km da obra não receberam licença por decisão do Ibama. A obra continuou no restante. Em maio deste ano, o órgão autorizou que o asfaltamento prosseguisse por mais 14 km de estrada.
O Dnit afirmou à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa, que a obra em curso se limita ao trecho autorizado. Os outros 5 km embargados, que segundo o departamento corresponderiam "à caverna", continuariam parados, à espera da conclusão do estudo sobre o desvio.
Lobo contesta o Dnit. Ele diz que há obras ocorrendo exatamente sobre a caverna.
"Inspecionamos a obra. Ela está ocorrendo", diz o gerente do Ibama em Barreiras, Zenildo Soares. "Falta definir as coordenadas do local onde ela foi impedida."
O espeleólogo Jussykledson de Souza, que mora em São Desidério, acompanhou na sexta a equipe do Instituto Chico Mendes que foi vistoriar o local. "O teto da caverna está caindo. Vimos blocos caírem", afirmou.
"Ter ou não ter licença só agrava a situação. O que nos preocupa é a integridade do sistema", disse Jocy Cruz, chefe do Cecav (Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas), do Instituto Chico Mendes.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A História das Coisas

Aqui abaixo vai um dos vídeos mais interessantes sobre meio ambiente que eu já vi. Eu havia assistido há cerca de um ano, em um congresso em Barreiras/BA e depois acabei esquecendo dele. Mas, hoje um amigo me lembrou e achei que valia a pena postar.

Segue:

ONG lança animação para alertar sobre impactos da construção de Belo Monte

(Fonte: globo.com)

Representantes do Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVS) lançaram nesta quarta-feira (15), em Belém, no Pará, um vídeo com animação sobre os impactos da construção da usina de Belo Monte na bacia do Rio Xingu.

O vídeo faz parte de uma campanha da organização não governamental para alertar sobre as influências sociais, econômicas e ambientais que deverão surgir após a inauguração de Belo Monte em Altamira (PA). Uma delas é o alagamento de parte da cidade e a seca que deve afetar indígenas e ribeirinhos.

Disponível na internet, o vídeo "Defendendo os Rios da Amazônia" é uma versão em português do projeto realizado em inglês com narração da atriz Sigourney Weaver, que participou das gravações de "Avatar", do cineasta James Cameron, e esteve no Brasil em abril desde ano para conhecer o Xingu. A versão em português foi narrada pela atriz Dira Paes.